Abraão no Novo e Velho Testamento

Quem é Abraão no Novo e Velho Testamento mostra a figura indispensável para entender o propósito de Deus, pois, ele (Abraão) foi colocado como “Pai dos que crêem” e não pai da fé.

Quanto mais entendemos sua história e o que ela significa para nós, mais entendimento espiritual teremos para cumprir nossa trajetória nesta terra.

1. As Fontes de Informações Sobre Abraão

As fontes informativas sobre Abraão são diversas. A narrativa veterotestamentária, abrangendo os capítulos de Gênesis 11.26 a 25.18, é considerada primária e de extrema importância para compreender sua história. Contudo, além disso, as descobertas arqueológicas têm desempenhado um papel crucial no enriquecimento de nosso conhecimento acerca do contexto histórico e do mundo em que Abraão viveu. Através desses evidências, temos uma visão mais aprofundada e detalhada sobre a época em que Abraão viveu, ampliando nossa compreensão desse personagem destacado da história bíblica.

2. A História Primitiva de Abraão

Abraão, um personagem da história primitiva, era natural da região da Caldeia. Em sua linhagem, encontramos a nona geração após Sem, filho de Noé, através de Eber. Seu pai foi Terá, que teve dois outros filhos, Naor e Harã. Infelizmente, Harã faleceu precocemente, deixando seu filho Ló sob os cuidados e proteção de seu tio Abraão. Além disso, Harã também deixou duas filhas, sendo que uma delas, chamada Sara, tornou-se a esposa de Abraão.

No livro de Gênesis 20.12, encontramos Abraão referindo-se a Sara como sua “irmã”, filha de seu pai, mas não de sua mãe. Essa descrição mantém debates entre eruditos, pois alguns interpretam que Harã era meio irmão de Abraão, o que faria de Sara sua sobrinha. No entanto, a utilização da palavra “irmã” no hebraico elementar também poderia indicar uma relação mais próxima de parentesco, como prima, por exemplo. Essa questão ainda é objeto de controvérsia.

Acredita-se que Abraão nasceu por volta de 2333 aC na cidade de Ur dos caldeus, de acordo com Gênesis 11.28. No entanto, é importante destacar que todos esses dados antigos são incertos e questionáveis. Pouco se sabe sobre a vida de Abraão antes dos 70 anos de idade, e as tradições que tentam preencher essas lacunas provavelmente carecem de base factual.

Sabe-se que Terá, pai de Abraão, era praticante de idolatria e atuava como fabricante de ídolos, conforme registros históricos. Essas informações nos fornecem um vislumbre inicial da vida de Abraão e do contexto em que ele cresceu antes de se tornar uma figura central na história bíblica.

3. O Abrão de Ur dos Caldeus

Ur dos caldeus, uma cidade histórica associada à vida de Abraão, é comumente identificada pela arqueologia moderna como a atual Tell el-Muquyyar, situada a cerca de 15 milhas a oeste de Nasireyeh, às margens do rio Eufrates, no sul do Iraque. Terá, pai de Abraão, empreendeu uma jornada de aproximadamente mil milhas de Ur até Harã, uma cidade localizada junto ao rio Balique, um afluente do Eufrates, onde se estabeleceu com sua família, conforme relatado em Gênesis 11.26-32.

Existem lendas que atribuem a Abraão um episódio de emoção por parte de Ninrode, um tirano bíblico, ocorrido em sua suposta tentativa de execução em uma fornalha acesa. Entretanto, segundo essas tradições, ele teria sido milagrosamente preservado da morte. Algumas versões dessas lendas afirmam que Abraão sentiu-se descontente com a idolatria prevalente em sua terra natal, o que o levou a enfrentar tais dificuldades.

Outros relatos lendários sugerem que Abraão foi responsável por introduzir a astronomia (às vezes mencionada como astrologia na antiguidade) na região da Caldeia e que teria compartilhado seus conhecimentos dessa ciência com os egípcios. Esses contos foram registrados por Josefo em suas “Antiguidades Judaicas” (i.8).

Contudo, é essencial enfatizar que a exatidão dessas narrativas permanece incerta e muitas vezes objeto de dúvidas, inclusive pelo próprio Josefo, que questionava a validade de grande parte desses relatos lendários. Portanto, embora essas lendas possam ter um apelo intrigante, é necessário abordá-las com cautela diante da preservação de evidências históricas sólidas que as confirmam.

4. Deus Chama Abraão

A Mudança de Abraão: Quando Abraão tinha 60 anos, sua família deixou Ur e se estabeleceu em Harã. As razões por trás dessa migração ainda não são conclusivas; Josefo (Ant. i.6,5) sugere que a tristeza de Terá pela morte de seu filho Harã poderia ter sido o motivo. No entanto, o livro apócrifo de Judite 5.6-8 sugere que a revolta contra a idolatria também poderia ter influenciado a decisão. Alguns estudiosos aventam a possibilidade de justificativas, visando a uma busca por melhores oportunidades em outra região.

Aos 75 anos de idade, Abraão, acompanhado por sua esposa Sara e seu sobrinho Ló, bem como suas posses, respondeu ao chamado divino e empreendeu uma jornada em direção à terra de Canaã, situada a cerca de 650 milhas de distância de Harã. Durante essa jornada, eles fizeram paradas em Siquém e Betei. (Consulte Gn 12.1 para compreender o chamado que Abraão recebeu do Senhor). Inicialmente, Abraão estabeleceu-se no Neguebe, mas devido a um período de escassez, ele continuou sua viagem até o Egito.

No Egito, a beleza de Sara chamou a atenção de Faraó. Entretanto, ocorreu uma intervenção divina por meio de pragas, a qual evitaram qualquer dano a ela. Após essa crise, Abraão sofreu ao Neguebe (conforme relatado em Gn 12.1-20). Mais tarde, Abraão e sua família mudaram-se para as proximidades de Betei. Com o aumento de sua autoridade, Abraão e Ló decidiram separar suas possessões e tornarem-se independentes um do outro.

Nesse processo de divisão, Abraão permitiu que Ló escolhesse sua porção de terra, e Ló optou pelo vale do Jordão e pela cidade de Sodoma. Abraão, por sua vez, estabeleceu-se na região de Hebrom. Posteriormente, invasores do norte sequestraram Ló e outros reis da região do vale do Jordão. Abraão liderou uma batalha contra esses invasores, ganhando em uma vitória significativa. A partir dos despojos da batalha, Abraão ofereceu dízimos a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo e rei de Salém, conforme descrito em Gênesis 14.1-24.

5. O Herdeiro de Abraão

O Herdeiro de Abraão: Abraão ficou a difícil situação de não ter filhos, levando-o a nomear Eliézer de Damasco como seu herdeiro. No entanto, Deus estabeleceu um pacto com Abraão, prometendo-lhe um filho legítimo e a posse da terra (Gn 15.1-21). Apesar da promessa divina, passou-se dez anos sem o nascimento do filho esperado. Então, Sara sugeriu que Abraão tomasse Hagar, sua serva, como concubina, e assim nasceu Ismael. No entanto, conflitos sofreram com o tempo, e tanto mãe quanto filho foram rejeitados e enviados ao deserto.

A situação mudou quando Abraão foi renomeado para Abraão, que significa “pai das transformadas”, como sinal da certeza de que seu filho e herdeiro prometido chegariam. Nesse momento, Deus instituiu a prática da circuncisão como um sinal do pacto entre Ele e Abraão (ver Gn 17.10-14). Paralelamente, Ló passou por dificuldades e pecados, e um anjo o alertou sobre a destruição iminente de Sodoma e Gomorra, uma profecia que em breve se cumpriria. Na fuga, a esposa de Ló desobedeceu e se tornou uma estátua de sal. O incidente trágico envolvendo suas filhas gerou os descendentes de Moabe e Amom, que originaram as nações moabitas e amonitas (ver Gn 19.24-38).

Apesar das várias adversidades e incidentes perturbadores, a promessa divina se concretizou. Isaque, o filho prometido, nasceu quando Sara tinha 100 anos (Gn 20.1-18). Ismael, por sua vez, foi divinamente preservado e migrou para o deserto do Pará, onde se tornou pai de uma grande nação, de acordo com a promessa de Deus.

Um incidente intrigante na história envolveu a tentativa de Abimeleque de tomar Sara como esposa. Essa situação revela costumes da época, nos quais um rei local tinha poder para dispor da vida e das mulheres, inclusive das casadas ou solteiras que passam por seus domínios. Para evitar problemas, Abraão arriscou a segurança de Sara ao dizer que ela era sua irmã, temendo que o rei pudesse matá-lo para tomá-la como esposa. A intervenção divina foi resolvida na resolução dessa crise, destacando a importância da orientação divina em situações complicadas.

6. A Prova de Fé

A Prova da Fé de Abraão: Deus, segundo a condenação de Abraão, solicitou a imolação de Isaque quando este já tinha cerca de 20 anos de idade. É importante notar que, nessa época, ainda existiam sofrimentos humanos, o que pode ter influenciado Abraão a considerar seriamente a ideia de realizar esse ato sacrificial. A decisão foi extremamente difícil, pois Isaque era o herdeiro único de Abraão. No entanto, a fé profunda de Abraão se mostrou inabalável (ver Hb 11.17-19), confiando de forma inquestionável na provisão divina (ver Gn 22.7,8). A intervenção divina poupou Isaque da morte no último momento.

Ao longo dos anos, eruditos e críticos da Bíblia debateram sobre essa narrativa. Alguns dos primeiros pais da igreja, como Orígenes, atribuíram significados místicos e alegóricos importantes a esse relato, mas defenderam a ideia de que Deus jamais ordenaria um humano real, considerando-o apenas uma prova de fé. Certamente, eles estavam corretos em sua interpretação.

Abraão agiu de boa-fé, acreditando sinceramente que Deus estava requerendo um humano dele. No entanto, podemos supor que ele pode ter tido algum mal-entendido sobre o assunto, talvez influenciado por crenças culturais e religiosas de sua época. É importante reconhecer que, naquela época, o conceito de Deus estava em um estágio diferente do que estamos atualmente. Nossa compreensão de Deus avançou desde a época de Abraão.

7. A Morte da Esposa

O falecimento de Sara ocorreu em Quiriate-Arba, quando ela tinha atingido a idade de 126 anos, e seu resto eterno foi no interior da caverna localizada no campo de Macpela (consulte Gn 23.1 ss.). Esta localização, situada na região de Hebrom, passou a ser o destino final de sepultamento para a família.

De acordo com o Talmude, uma coleção de textos judaicos que interpretam e discutem as leis e tradições religiosas, há também referências adicionais sobre a importância desse local de sepultamento e a veneração de Sara. O Talmude expande e enriquece a narrativa bíblica, oferecendo insights sobre a influência duradoura de Sara na fé e cultura judaica.

8. Os Passos do Herdeiro

Quando Isaque abasteceu a idade de 40 anos, ele adquiriu uma noiva na região da Mesopotâmia. Foi através da diligência e orientação do servo Eliézer que Isaque encontrou Rebeca, a filha de Naor, que se tornaria a esposa do filho de Abraão.

De acordo com o Talmude, um conjunto de textos sagrados que detêm grande importância na tradição judaica, esse evento é considerado uma prova da providência divina. A narrativa expandida no Talmude destaca como Deus guiou os acontecimentos de forma notável, orquestrando o encontro de Isaque e Rebeca de maneira perfeitamente controlada com os planos divinos para a continuidade da linhagem de Abraão.

Isso enfatiza a crença na intervenção divina nos assuntos humanos e reforça a importância do papel de Eliézer como instrumento nas mãos de Deus para trazer a união de Isaque e Rebeca.

9. A Morte de Abraão

A vida de Abraão chegou ao seu termo quando ele alcançou a marca de 175 anos. Seu legado e influência continuaram a ressurgir por gerações, deixando uma marca indelével na história. Após sua passagem, Abraão foi homenageado por seus filhos, Isaque e Ismael, que uniram forças para lhe prestar as devidas homenagens funerárias. Abraão encontrou seu lugar de descanso eterno na caverna de Macpela, como está registrado nas Escrituras (Gn 24.1; 25.18).

O Talmude, uma coleção de textos fundamentais no judaísmo, complementa essa narrativa ao explorar o profundo respeito e reverência que Isaque e Ismael chorou por seu pai. Essa atitude de honra filial é vista como um exemplo de virtude e amor na tradição judaica.

Além disso, o Talmude destaca a importância da caverna de Macpela como um local de sepultamento sagrado, que não apenas serve como o último resto de Abraão, mas também como um elo duradouro entre as gerações e como um sinal tangível da promessa divina a sua descendente.

10. O Carácter de Abraão

O Caráter de Abraão, apesar de suas imperfeições e momentos de deslize, resplandece como um dos mais notáveis ​​líderes espirituais na trajetória da humanidade. Sua influência transcendente perdura através das eras e é honrada por diversas religiões, incluindo o judaísmo, cristianismo e islamismo. Abraão é reverenciado por sua fé inabalável, uma qualidade que o conectava intimamente com o divino (Gn 18.33; 24.40) e que, em parte, compõe o cerne de sua grandiosidade.

A máxima expressão de sua fé reside na suporte dedicado a Deus. Abraão seguiu o chamado divino, independentemente do destino apontado: seja no incidente de Ur (Gn 11.31; 15.7), na partida de Harã (Gn 12.1,4), na aceitação de uma vida seminômade na terra de Canaã (Gn 13.15; 15.18 ), ou no ato extraordinário de se dispor a sacrificar seu próprio filho Isaque, movido pela confiança na promessa de sua ressurreição (Gn 22.12,18; Hb 11.9).

A dedicação de Abraão à sua família é também um traço que se destaca. Seu cuidado paternal é evidente, como ilustrado na promessa de Deus em relação a sua descendência (Gn 17.19). Além disso, sua generosidade e hospitalidade são características inegáveis, manifestadas nos relatos de sua acolhida aos viajantes (Gn 18.2-8; 21.8; 13.8; 14.23).

Assim, Abraão emerge como um exemplo atemporal de fé, obedecendo e amor ao próximo, transcendendo fronteiras religiosas e inspirando gerações sucessivas a buscar uma conexão profunda com o divino e viver uma vida de serviço altruísta.

11. Abraão na Tipologia

Abraão, como figura tipológica, desempenha um papel significativo na compreensão espiritual e teológica, sendo associado a diversos aspectos da missão de Cristo e das verdades espirituais. O Talmude também traz valiosos ensinamentos sobre sua figura.

a. Abraão é considerado o pai da raça espiritual, simbolizando um aspecto da missão de Cristo como Cabeça da humanidade e Restaurador de todas as coisas (Ef 1.10). Seu legado espiritual transcende o tempo e alcança a eternidade, representando a semente da fé que florescerá em Cristo.

b. Sua vida de peregrinações é uma imagem que ilustra o caminho da busca espiritual em nossas vidas. Assim como Abraão empreendeu uma jornada de fé e obedecendo, somos desafiados a trilhar o caminho da inquirição espiritual, buscando uma relação mais profunda com Deus.

c. A posteridade incontável de Abraão simboliza as famílias espirituais que pertencem a Cristo. Como herdeiros da promessa, os verdadeiros crentes se unem em uma única família de fé, proveniente da descendência espiritual de Abraão.

d. O incidente com Isaque é um poderoso retrato da ressurreição e da vitória sobre a morte. Assim como Isaque foi resgatado da morte iminente, Cristo também conquistou a vitória sobre a morte, trazendo vida eterna para todos os que nele creem.

e. A expulsão de Hagar representa a rejeição divina dos não herdeiros, aqueles que estão sob a lei e não participam da graça de Cristo. Essa história tipológica aponta para a necessidade de aceitarmos a graça redentora de Cristo para nos tornarmos verdadeiros herdeiros da promessa.

f. O pacto de Abraão é um tipo do pacto entre Deus e a humanidade, estabelecido por meio de Cristo. Como Abraão foi justificado pela fé, assim também todos os que creem em Cristo são justificados e alcançam a aliança eterna com Deus.

g. A vida de Abraão simboliza os verdadeiros crentes que, quando chamados por Deus, abandonam a idolatria e seguem o caminho da obediência e fé. Sua resposta ao chamado divino é um exemplo a ser seguido por todos os que buscam uma relação genuína com o Criador.

Dessa forma, a figura tipológica de Abraão transcende o Antigo Testamento e encontra eco no Novo Testamento, apontava para a grandiosidade do plano redentor de Deus por meio de Cristo. Seu exemplo inspira-nos a seguir o caminho da fé e obedecer, encontrando nele um modelo de fé que atravessa as eras e continua a nos guiar em nossa jornada espiritual.

12. O Que Diz a Arqueologia Sobre Abraão

A relação entre a arqueologia e a figura de Abraão tem fornecido um contexto histórico enriquecedor para os relatos encontrados no livro de Gênesis. À medida que descobertas arqueológicas vêm à tona, o entendimento dos tempos e da vida de Abraão ganha profundidade e tolerância, especialmente em relação ao segundo milênio aC, com destaque para o século XIX aC

Através dessas escavações, nomes de pessoas e objetos emergiram, correspondendo às narrativas do livro de Gênesis. Essas correlações demonstram que as informações contidas no livro sagrado são consistentes com os registros arqueológicos. Essa convergência entre os relatos bíblicos e as descobertas arqueológicas enfraquece interpretadas que sugerem que Abraão possa personificar uma tribo ou divindade tribal, solidificando a realidade histórica de sua existência.

Algumas descobertas arqueológicas específicas lançam luz sobre elementos presentes na narrativa de Abraão:

a. Escavações em Nuzu, ao longo do rio Tigre, forneceram informações sobre leis de herança e costumes da época de Abraão. Isso resolveu a preocupação de Abraão com questões de herança, como evidenciado no caso de Eliézer (Gn 15.2-4).

b. A prática de obter um herdeiro através de uma concubina ou esposa-escrava, como no caso de Hagar e Ismael (Gn 16), também encontra respaldo em trajes da época, conforme ilustrado por descobertas arqueológicas.

c. A circuncisão, instituída por Abraão como sinal do pacto com Deus, era uma prática comum daquele período, e essa associação com a geração encontra paralelos na história cultural e religiosa da época.

d. A relutância de Abraão em expulsar Hagar e a necessidade de uma ordem divina para fazê-lo são corroboradas por descobertas arqueológicas que elucidam os códigos legais e as dinâmicas familiares da época.

e. O processo de compra de terrenos para sepultamento, como exemplificado na história de Abraão adquirindo a caverna de Macpela, encontra paralelos nas leis feudais registradas no código legal hitita.

f. As imagens geográficas presentes nos relatos de Gênesis sobre a jornada de Abraão pela terra de Canaã foram confirmadas por descobertas arqueológicas que mapeiam os lugares habitados nos tempos dos patriarcas.

g. Escavações em Nuzu e Mari revelaram várias tabuletas com informações sobre leis de matrimônio, primogenitura, terafins e outros costumes e práticas da época, confiantes para uma compreensão mais rica dos contextos em que Abraão viveu.

Portanto, as descobertas arqueológicas têm validado e enriquecido a narrativa de Abraão, fornecendo uma perspectiva histórica que ilumina os costumes, leis e dinâmicas sociais de sua época, ao mesmo tempo em que fortalece a herança de sua figura como parte integrante da história da humanidade.

13. Abraão e o Antigo Testamento

Abraão é uma figura proeminente no Antigo Testamento, e além das narrativas presentes no Gênesis, seu nome é mencionado em várias passagens ao longo de toda a Escritura. Moisés faz referência ao pacto estabelecido com Abraão, em que a terra de Canaã foi prometida como herança para Israel (Deuteronômio 1.8; 6.10; 9.5; 34.4). O povo de Israel se considera descendente de Abraão, a quem Deus chamou de amigo (2 Crônicas 20.7) e é reconhecido como o Deus de Israel (1 Reis 18.36).

As bênçãos e a misericórdia divinas são associadas ao pacto feito com Abraão (2 Reis 13.23). Nos salmos, Abraão é mencionado em diferentes contextos, ressaltando sua importância na história de Israel (Salmos 47.9; 105.6, 9, 42). Além disso, encontramos menções a Abraão em livros proféticos como Isaías (Isaías 29.22; 41.8; 51.2; 63.16), Jeremias (Jeremias 33.26), Ezequiel (Ezequiel 33.24) e Miquéias (Miquéias 7.20), destacando-o como o pai da nação de Israel.

Os livros apócrifos do Antigo Testamento também enfatizam o papel de Abraão como profeta e homem do pacto com Deus (Eclesiástico 44.19, 21). Na literatura rabínica, como Bereshith Rabba e Pirque Aboth 5.4, bem como nas obras de Josefo, Abraão é retratado como uma figura sábia e até mesmo um astrônomo (ou astrólogo), que teve sua sabedoria com reis do oriente e ocidente.

Em suma, Abraão é uma figura central e reverenciada no Antigo Testamento, sendo reconhecido como o pai da nação de Israel e o destinatário das promessas divinas que moldaram a história do povo hebreu. Sua fé inabalável e sua proximidade com Deus são destacadas ao longo das Escrituras, tornando-o uma figura de grande significado para as religiões judaicas, cristãs e islâmicas.

14. Abraão no Novo Testamento

Abraão ocupa um lugar de destaque no Novo Testamento. Jesus é apresentado como filho de Abraão em Mateus 1.1, destacando a importância de sua descendência. No entanto, o Novo Testamento enfatiza que ser descendente de Abraão não garante automaticamente direitos religiosos, sendo necessária uma espiritualidade correspondente (Mateus 1.2, 17; 3.9; 8.11; 22.32; Marcos 12.26; João 8.33-58).

Os apóstolos também mencionam Abraão em suas pregações, reconhecendo sua coragem espiritual (Atos 3.13, 25; 7.2-32; 13.26). Paulo, em suas epístolas, usa Abraão como exemplo para ilustrar a justificação pela fé (Romanos 4.1-6). Na carta aos Gálatas, Abraão é retratado como símbolo da descendência espiritual, representado pela igreja. E na carta aos Hebreus, ele é exaltado como um grande herói da fé (Hebreus 11.8 ss.) e ancestral do sacerdócio levítico (Hebreus 7.5).

Em resumo, o Novo Testamento destaca o culto espiritual de Abraão, enfatizando sua descendência em relação a Jesus e ilustrando a importância da fé e da justificação pela fé. Abraão é lembrado como um exemplo de fé e como um dos pilares da história espiritual da humanidade, representando a conexão entre o Antigo e o Novo Testamento.

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